Antonio Neto (*)
A capitalização da Petrobras, realizada hoje (24/09), é um marco na história do país. Além de sua importância estratégica, a ampliação da participação do Estado na empresa representa a consolidação do novo Brasil que começou a ser construído nos últimos oito anos. Entre as diversas simbologias que marcam este evento, uma nos chama a atenção. Nas mãos do presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, estará o martelo que outrora fora usado para desmantelar o patrimônio público e que agora servirá para reconstruí-lo.
A maior capitalização da história da humanidade marcará ainda uma espécie de redescoberta do país, a reafirmação de nossa independência através da utilização de uma gigantesca riqueza natural para construir uma pujante, inovadora e promissora indústria nacional, que dará sustentação a um processo contínuo de desenvolvimento econômico e social.
Para nós do movimento sindical, a capitalização terá um caráter especial. Ela simboliza o enterro de um período de desmantelamento. Por isso estaremos na Bovespa. Não como anteriormente, quando ocupamos o pregão para deixar claro ao mundo que no Brasil os trabalhadores resistiam a entrega do patrimônio público, mas sim para saudar o fortalecimento da mais importante estatal brasileira, a Petrobras.
Desde a descoberta, afirmamos que o pré-sal é uma das maiores oportunidades econômicas da história do nosso país. Mas esta riqueza só será revertida em benefício do povo se o petróleo for, efetivamente, explorado pela Petrobras. Somente o setor público utilizará os recursos provenientes desta dádiva para desenvolver a pesquisa e inovação tecnológica, a educação de qualidade e uma indústria petroquímica capaz de impulsionar toda uma cadeia produtiva.
Esta premissa foi estabelecida pelo presidente Lula, ao afirmar que o petróleo voltará a pertencer ao povo brasileiro e que o Brasil não será exportador de óleo cru. Lula deixou claro que o novo Brasil pensa grande, prioriza o bem-estar de sua população e, acima de tudo, passou a ter novamente planejamento estratégico.
Cabe a nós, neste momento histórico, além de lutar para consolidar esta conquista, exaltar a memória de brasileiros patriotas que contribuíram para que o Brasil se tornasse uma das maiores potências mundiais de petróleo.
Nada disso teria acontecido sem os sonhos de Monteiro Lobato, sem o patriotismo do presidente Getúlio Vargas, sem a vibrante e nacionalista militância de personalidades como Barbosa Lima Sobrinho, Eusébio Rocha, General Horta Barbosa, Alice Tibiriçá e a luta de milhares de jovens, mulheres e trabalhadores anônimos que dedicaram importantes parcelas de suas vidas para defender um futuro mais promissor para o povo brasileiro.
Estamos convictos de que o Brasil será a nação soberana, democrática e igualitária que sempre sonhamos. Afirmamos isso com a mesma certeza com que nossos antepassados diziam que o petróleo de Lobato estava destinado a ser explorado por uma estatal brasileira. E assim será.
(*) Presidente da Central Geral dos Trabalhadores do Brasil (CGTB) e do Sindicato dos Trabalhadores em Processamento de Dados e Tecnologia da Informação (Sindpd); membro do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social (CDES) e do Conselho Nacional de Desenvolvimento Industrial (CNDI), e do Diretório Nacional do PMDB.
24 de set. de 2010
A consolidação do novo Brasil
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