28 de abr. de 2010

O selo BrBiotec caracteriza as empresas do setor no mercado internacional e visa ampliar a participação brasileira no comércio mundial de produtos e serviços ligados à biotecnologia, unindo esforços do governo, instituições acadêmicas e empresas

Vinte e duas empresas e entidades brasileiras ligadas à biotecnologia, em parceria com a Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex-Brasil), participarão da BIO International Convention 2010, a ser realizada de 3 a 6 de maio, em Chicago (EUA), quando será lançada a marca BrBiotec Brasil, para caracterizar internacionalmente os produtos do país. A BIO 2010 é o maior evento mundial do setor, que reúne desde pequenas empresas incubadas até multinacionais, com faturamentos bilionários. O Brasil terá um amplo estande e apresentará várias palestras no evento.

“Nosso objetivo é divulgar o Brasil como um fornecedor de alta qualidade em produtos desenvolvidos partir da produção e manipulação de micro-organismos ou parte deles e serviços afins, indo bem além do conhecimento do País como tradicional produtor de etanol”, diz Sérgio Risola, diretor executivo do Cietec. A iniciativa é um trabalho conjunto da Apex-Brasil, Fundação Biominas, Cietec (Centro Incubador de Empresas Tecnológicas), Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e Fundação Bio-Rio.

De acordo com o executivo, a marca BrBiotec Brasil, além de ampliar o universo de negócios para as empresas brasileiras do setor, vai contribuir com a política de desenvolvimento e de tecnologia do País e por consequência criar novas oportunidades por esse esforço conjunto. Ele vê grandes oportunidades em saúde humana e animal, bioenergia, meio-ambiente, agricultura e seus derivados, materiais e insumos, e bioinformática. “As empresas do segmento são pequenas, porém de alto valor agregado, ao oferecer ao mercado produtos e serviços com tecnologia de ponta. Importante ressaltar que as empresas fazem parte de um setor incluído na política estratégica definida pelo Governo Federal, por ser uma tecnologia portadora de futuro. Por isso, estamos fortalecendo os processos de comunicação e mobilização interna e externamente. Nosso papel é desmitificar a visão sobre o setor, porque ainda há uma grande barreira por conta do discurso científico, que atrapalha seu entendimento mais amplamente”, complementa Eduardo Giacomazzi, gestor do projeto BrBiotec e coordenador de marketing do Cietec. “Vamos inserir efetivamente os brasileiros no mapa mundial da biotecnologia, destacando para os investidores que aqui não é um local apenas de belos recursos naturais, mas também de produção tecnológica de grande valor e associação destes dois fatores é nosso grande diferencial biotecnológico”.

Para o presidente da Apex-Brail, Alessandro Teixeira, o lançamento da marca BrBiotec vai melhorar a internacionalização das empresas, a exportação de produtos brasileiros derivados da biotecnologia e atrair investimentos externos para o setor.

“A criação de um selo que posiciona a imagem do setor de biotecnologia brasileiro é fundamental para o futuro do setor. Por meio do trabalho da Apex-Brasil e das instituições parceiras, conseguimos unificar o setor e colocar valores e atributos importantes que vão expor a marca no mundo todo”, diz Teixeira. O presidente ainda afirma que a nova identidade do setor facilitará a o reconhecimento e identificação do produto brasileiro no mercado internacional.

Entre as ações da BrBiotec Brasil, para ampliar a visibilidade da biotecnologia brasileira, está a implementação de uma ampla base de informações e o mapeamento nacional da biotecnologia. “Faremos um levantamento considerando tudo o que existe no setor, incluindo universidades, centros de pesquisas e empresas, com o cadastramento e homologação das organizações, porque nosso projeto será também um provedor de serviços. Para esta incumbência teremos o apoio do Serviço Brasileiro de Apoio às Micros e Pequenas Empresas (Sebrae) e do Hemocentro de Ribeirão Preto”, informa Giacomazzi. Essa base de bioinformática é outro pilar do projeto BrBiotec, abrangendo a internet e meios digitais para troca de informações fundamentais.

Por ora o BrBiotec, Projeto Setorial Integrado em Biociências da Apex-Brasil, tem uma plataforma com 23 empresas e 28 instituições agregadas. O objetivo é ampliar o número de associados e agrupar pelo menos 50 empresas até o final deste ano.

Mercado de biotecnologia

O mercado de biotecnologia movimenta no País ao redor de US$ 10 bilhões/ano, com maior ênfase nas áreas de saúde pública e meio ambiente, mas a Política Nacional de Biotecnologia, estabelecida em 2007, estima que o País fique entre os cinco maiores pólos mundiais até 2015. De acordo com dados mais recentes, o mercado global de biotecnologia no período entre 2002 e 2006 apresentou a uma taxa composta de crescimento anual (CAGR) de 13,4% e gerou receitas de US$ 153,7 bilhões no ano de 2006, para uma base de U$ 92,9 bilhões em 2002.

O estudo Panorama da Biotecnologia do Mundo e no Brasil, da Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI) e do Centro de Gestão e Estudos Estratégicos (CGEE) constatou que a produção científica brasileira em biotecnologia em áreas como reprodução animal e vegetal, controle biológico em agricultura, conversão de biomassa e biodiversidade tem sido importante, ao ocupar uma das 15 primeiras colocações mundiais entre 1998 e 2007 no ranking mundial. No entanto, as universidades brasileiras foram identificadas entre as Top 25 na produção científica em todas as 14 áreas delimitadas da biotecnologia no levantamento.

Ainda conforme o Panorama da Biotecnologia, em 2006 havia 139 setores distintos que utilizavam a biotecnologia em seus produtos ou serviços. Naquele ano, o setor de medicina e saúde humana foi o que se destacou mais, gerando receitas de US$ 96,2 bilhões, correspondendo a 62,5% do valor do mercado global de biotecnologia. Os setores de agricultura e alimentos contribuíram com receitas de US$ 17,7 bilhões naquele mesmo ano, o equivalente a uma participação de 11,5% do mercado de biotecnologia.


BIO 2010 terá delegação recorde de brasileiros

O Brasil participará da Bio International Convention, em Chicago, com sua maior delegação, segundo registros até agora de eventos do setor. Ao todo, 75 pessoas do País vão estar presentes sob o guarda-chuva do selo BrBiotec Brasil, projeto da Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex-Brasil). Elas representam 17 empresas nacionais, quatro Ministérios: do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior; da Saúde; da Ciência e Tecnologia, da Defesa, e das Relações Exteriores; e as entidades Apex (Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos); Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária); Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz); Financiadora de Estudos e Projetos (Finep); Hemobras (Empresa Brasileira de Hemoderivados e Biotecnologia), Abdi (Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial), INPI (Instituto Nacional de Propriedade Intelectual) e BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Social). “A reunião de todos esses organismos mostra o comprometimento do país com a biotecnologia nacional. Estamos alinhados para colocar o Brasil no mapa da biotecnologia mundial”, destaca Kátia Aguiar, gerente de negócios da Fundação Bio-Rio e cogestora da BrBiotec.

Para o presidente da Apex-Brasil, Alessandro Teixeira, a Bio 2010 representa uma dupla oportunidade. “Primeiro, estaremos apresentando as diversas empresas da biotecnologia brasileira no berço do setor de biotecnologia mundial, que são os Estados Unidos. E segundo, essas empresas estarão debaixo de um guarda chuva da nova marca desse setor, que apresenta valores e condições de expor cada vez mais as empresas brasileiras no cenário internacional. A feira em Chicago é mais uma das ações que estamos realizando, nos últimos dois anos, para aumentar a participação da biotecnologia brasileira no exterior”, declara Teixeira.

Segundo o presidente, essa ação fortalece a presença das empresas brasileiras no exterior para que elas sejam reconhecidas pelo seu trabalho e pela sua qualidade.

Nesta edição, os ex-presidentes norte-americanos Bill Clinton e George W. Bush participam de um debate moderado pelo o presidente da entidade Jim Greenwood. A BIO 2010, o maior evento do mundo em sua especialidade, envolve mais de 1,2 mil empresas de biotecnologia, instituições acadêmicas, centros de biotecnologia do governo, e organizações congêneres nos Estados Unidos e em mais de 30 países. Os participantes estão ligados à pesquisa e desenvolvimento em inovações na indústria da saúde, agricultura, e produtos industriais e ambientais.

Sua missão é estimular os pesquisadores a expandir os limites da ciência para beneficiar a humanidade, proporcionando mais avanços médicos, fortalecendo a agricultura, e desenvolvendo um ambiente mais limpo e mais seguro. O perfil dos participantes da BIO2010 varia bastante, agrupando desde aquelas empresas empreendedoras, que desenvolveram seu primeiro produto, até as 100 maiores multinacionais em faturamento. No entanto, a maioria dos membros é de pequenas empresas (90%) com receitas de até US$ 25 milhões. Mas mesmo sendo um evento cuja imensa maioria é de empresas menores, uma parcela de 5% dos participantes tem receitas acima de US$ 1 bilhão. Por conta deste universo, a convenção internacional mostra as muitas maneiras como indústrias de ponta e a biotecnologia trabalham para curar, abastecer e alimentar o mundo.

O estande brasileiro, sob responsabilidade da Apex-Brasil, terá 260 m² e ao lado dele será exposto um carro de Fórmula Indy, categoria do automobilismo que utiliza o etanol brasileiro da cana-de-açúcar para movimentar seus motores. As corridas de Fórmula Indy, que são para os americanos o que as competições de Fórmula 1 são para os brasileiros e europeus, neste ano se converteram numa vitrine comercial do Brasil no exterior.

Dentro do espaço promocional da BIO 2010 ainda haverá apresentação de um vídeo em 3D com o story line (linha do tempo) da biotecnologia brasileira. Num auditório interno acontecerão as apresentações de negócios das empresas nacionais. “Participar na BIO é a confirmação do compromisso do País com a biotecnologia. A mobilização dos órgãos governamentais, de pesquisa/fomento e a iniciativa privada, reflete o valor para o País de se ter um setor estruturado para competir mundialmente”, observa a cogestora do projeto, Kátia Aguiar, que complementa: “A biotecnologia será num futuro próximo o grande negócio de um país, por isso ele é estratégico para a nação”.

A programação de palestras no estande será ampla. Na apresentação inicial da BrBiotec Brasil serão apresentados as empresas expositoras, a história da evolução da biotecnologia e seu atual panorama no Brasil, especialmente nos setores de saúde humana e anilmal, energia e meio ambiente. Durante o evento, representantes da BrBiotec Brasil terão encontro com o presidente e CEO da Biotechnology Industry Organization (Bio), James Greenwood. Paralelamente às atividades diárias da BIO 2010, será oferecido um jantar a convidados pelo consulado brasileiro em Chicago.

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