20 de ago. de 2010

Hotel em Toronto usa geotermia e reduz 75% de emissões

Engenharia e Arquitetura
O que era apenas um velho edifício de 140 anos, situado no centro histórico de Toronto, Canadá, transformou-se em um albergue da juventude. Mas não um hotel qualquer, e sim no “mais verde hotel da América do Norte”, nas palavras de um dos seus idealizadores, Tom Rand, diretor da VCI Green Funds, uma empresa de venture capital.

A idéia, originalmente, foi de Anthony Aarts, um empreiteiro que a concebeu numa noite de 2006 quando perambulava pelo bairro. O edifício encontrava-se desativado há dez anos. Ele acessou o telhado, através do antigo shaft do elevador, de onde vislumbrou a oportunidade de fazer, ali, um edifício verde.

Inspirado pela visão da College Street, ele elaborou um plano para transformar o prédio e foi à procura de Rand, para conseguir financiamento. O investidor concordou, sob a condição de que o edifício usasse o mínimo de energia possível. “Há outros prédios verdes na cidade, mas nós estamos dando um passo adiante com este”, diz ele. “O edifício vai ter uma pegada de carbono operacional 75% menor do que o habitual.”

A maneira mais fácil de fazer isso era cavando um buraco embaixo da College Street para captar o calor do núcleo da Terra. Em vez de usá-lo para ferver água e gerar eletricidade, como na Islândia, em Toronto, o calor abaixo da linha de geada é apenas o suficiente para aquecer a água, que é então utilizada para aquecer o edifício.

Rand e Aarts contrataram, então, a CleanEnergy Developments, uma empresa canadense especializada em geotermia, para instalar uma milha de tubulação em ziguezague, abaixo da viela ao lado do edifício. Uma mistura de glicol circula pela tubulação, buscando calor a uma profundidade de cerca de 100 metros, onde a temperatura oscila ente 14 e 15 graus Celsius. “O arquiteto estava cético se conseguiríamos autorização para cavar em busca da energia geotérmica, mas Adam Vaughn (vereador do distrito) foi fantástico”, diz Aarts.

O líquido que circula pela tubulação enterrada passa através das várias bombas de calor espalhadas pelo edifício elevando a temperatura ambiente.

As bombas de calor usam uma grande quantidade de energia elétrica, mas não tanto quanto o próprio edifício gera a partir de um conjunto de painéis fotovoltaicos no telhado.

Qualquer eletricidade extra gerada pode ser vendida à rede no âmbito do microFit program de Ontário. Segundo estimativas de Aarts, o edifício terá uma renda entre $ 400 a $ 500 por mês vendendo eletricidade de volta à cidade, por um preço garantido de $ 0,80 por kWh. Combinado ao dinheiro economizado na conta do aquecimento, no inverno, e do resfriamento, no verão, tem-se um prédio que transforma redução de impacto ambiental em fonte de renda.

No futuro, Rand está confiante de que projetos como este serão o normal, por fazerem tanto dinheiro. “Não é o altruísmo que irá transformar a nossa sociedade em uma economia de baixo carbono, mas o lucro. O custo total do equipamento aqui não era muito, cerca de 5% do custo da construção”, diz ele. “Se você pode tomar emprestado esse dinheiro, o seu pagamento mensal será de cerca de 1000 dólares, que é menos do que o dinheiro economizado nas contas de energia. Você está ganhando dinheiro.”

Acrescente a isso os 25% que a província e o governo federal concedem cada um, a título de redução dos custos do capital verde, e se começa a ver um modelo de negócio atraente. “Se você pode tomar dinheiro mais barato, tudo isso se paga”, afirma Rand. A previsão de retorno do investimento em 4 anos.

Além disso, desde que os investidores compraram o prédio em 2006, as tecnologias verdes se tornaram mais acessíveis. “A tecnologia que está disponível agora torna tudo mais fácil para nós”, diz Aarts. “A demanda e a tecnologia estão começando a engrenar. Em 2006, as grandes luzes LED eram puramente experimentais. A iluminação em todo o edifício usa menos energia do que uma torradeira de duas fatias.”

A economia de energia está em toda parte. Em torno dos canos de escoamento da água dos chuveiros Aarts envolveu tubos de cobre a fim de capturar o calor da água quente que escorre pelo ralo. O calor é levado de volta para a tubulação de água fria, permitindo que o chuveiro use menos água quente. No telhado está outra bomba de troca de calor que recupera o vapor úmido que é exaurido dos banheiros, enviando-o de volta para o prédio.

A fim de tornar este processo transparente para os hóspedes, a maioria dos equipamentos de economia de energia será visível através de paredes de vidro. “Temos medidores em cada dispositivo de aquecimento interno que soma a quantidade de energia derivada do sistema”, diz Aarts. “Os clientes podem ver o quanto de energia está sendo recuperada a qualquer momento.”

Na cobertura, um medidor de energia elétrica será instalado acima do bar. “Quando os hóspedes estiverem sentados, bebendo algo, eles verão o quanto de energia está sendo produzida pelos painéis solares.” Eles usaram todo o espaço do telhado e outros disponíveis para a produção de energia. Mesmo parte do pátio é coberto por painéis fotovoltaicos. “No verão, com seus 30 graus de temperatura, os hóspedes saberão que estarão usufruindo de uma sombra que produz eletricidade”, diz ele.

Com todas estas economias de energia e uma margem de lucro saudável, Rand é claramente otimista: “Nós nos reivindicamos o hotel mais ecológico da América do Norte, e eu ainda não encontrei alguém para me dizer que estamos errados”.

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