13 de mai. de 2010

CERTIFICAÇÃO É DIFERENCIAL DE MERCADO

A conscientização dos empresários de toda a cadeia produtiva sobre a importância do uso de produtos certificados é a saída mais viável para evitar não apenas a destruição das florestas brasileiras, como para encontrar oportunidades lucrativas para os próximos anos, uma vez que a agenda do consumidor final exigirá cada vez mais o uso de produtos de pouco ou nenhum impacto ambiental. Este foi o principal debate do encontro promovido nesta quinta-feira (13) pelo LIDE SUSTENTABILIDADE, em São Paulo, e que contou com a presença de líderes empresariais e de ambientalistas para discutir os desafios da Certificação de Origem da madeira no Brasil.

A consciência do consumidor no que se refere à importância da aquisição de produtos certificados e ambientalmente corretos ainda deve demorar pelo menos uma década para se concretizar, disse o presidente da Tetra Pak, Paulo Nigro, um dos palestrantes do encontro. Porém, as empresas precisam se antecipar a isso. “Quem não estiver focado nos pilares ambiental e social, além do econômico, deixará de existir num prazo muito curto”, afirmou Nigro. “O apoio ao manejo sustentável é um diferencial de mercado. As empresas que utilizam produtos certificados terão preferência pelas empresas internacionais e terão vantagem competitiva em suas exportações”, acrescentou.

Cerca de 80% da madeira proveniente da floresta amazônica é ilegal, extraída de forma predatória ao meio-ambiente e através da exploração irregular da mão-de-obra da população local. Os dados foram apresentados pela diretora do Instituto de Manejo e Certificação Florestal e Agrícola (Imaflora), Luciana Maria Papp. Além disso, explicou ela, 56% das emissões de gás carbônico na atmosfera são provenientes do desmatamento das florestas brasileiras.

O setor de construção civil absorve pelo menos ¾ da madeira ilegal comercializada no País, disse Roberto Smeraldi, diretor da organização Amigos da Terra – Amazônia Brasileira. Outra quantidade considerável desse material vai para o setor siderúrgico, para ser transformado em carvão. “As empresas que comercializam a madeira ilegal não cumprem a legislação trabalhista e nem ambiental. E quem consome estes produtos também está consumindo uma cadeia de destruição”, acrescentou Rubens Gomes, presidente da Rede GTA – Grupo de Trabalho Amazônico e conselheiro do FSC, conselho brasileiro de manejo florestal, cujo objetivo principal é promover o manejo e a certificação florestal no Brasil.

“O consumidor e o empresário precisam se preocupar em saber de onde vem o produto que ele consome”, disse Luciana. “Muitas empresas ainda não incorporam ativos e passivos ambientais em suas estruturas porque temem a competição. Mas a certificação deve ser o componente desta transformação cultural”, avaliou Smeraldi.

“A economia florestal vai além da certificação da madeira”, acrescentou o diretor do Amigos da Terra. “Queremos expandir essas possibilidades para os setores agrícola e pecuário. O Brasil importou o selo de certificação SFC para a madeira, mas no que se refere à agricultura, temos massa crítica para desenvolver nossos próprios critérios de certificação. E não estamos falando apenas de certificação para produtos, e sim para unidades produtivas.”

Segundo Paulo Nigro, da Tetra Pak, o selo SFC foi adotado em 2 bilhões de embalagens comercializadas pela empresa em 2009. Nigro acredita que 100% das embalagens estarão certificadas nos próximos três anos.

Punição x estímulo – O presidente do LIDE SUSTENTABILIDADE, Roberto Klabin, ao ser questionado sobre a possibilidade de se aumentar as penas para produtores que cometam crimes ambientais, respondeu que a idéia é aplicar as leis que já existem e, ao contrário de punir, levar a estas pessoas opções para estimulá-lo a agir corretamente. “Levar opções de ganho para estes produtores é nosso maior desafio. Penalizá-los criaria ainda mais resistência”, explicou Klabin.

O deputado federal Ricardo Trípoli (PSDB-SP), em sua participação no evento, afirmou que ainda há um grande preconceito por parte dos parlamentares no que se refere às questões ambientais. “Prova disso é a ameaça que sofre o novo Código Florestal brasileiro”, disse.

Na próxima semana, empresários ligados ao LIDE estarão em Brasília para tratar da questão da certificação com parlamentares.

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